Lama Karma Zopa Norbu
Discípulo direito do Mui Venerável Bokar Tulku Rinpoche – Grão-Mestre de meditação da Linhagem Karma Kagyu do Budismo Tibetano;
Diretor-Fundador do Kagyü Dag Shang Chöling – Jardim do Dharma;
Discípulo direto do Mestre Yang Jun na linhagem de Tai Chi Chuan da Família Yang;
Diretor-Fundador da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental – SBTCC;
Diretor do Yang Cheng Fu Tai Chi Chuan Center de São Paulo.
Nasceu em Buenos Aires, na Argentina, e com a idade de 6 anos iniciou seus estudos sobre o Budismo com sua professora primária, incentivado pelos seus próprios pais. Aos 13 anos, junto aos seus estudos primários comuns, iniciou estudos de Tai Chi Chuan da linhagem da Família Yang e I Ching com o professor Ma Tsun Kuen, adido comercial da embaixada chinesa em Buenos Aires.
Continuou seus estudos de filosofia oriental antiga na Faculdade de Ensino Livre “San Francisco de Assis”, especializando-se na cultura chinesa antiga, no Budismo Chinês e no I Ching. Em 1978, aos 24 anos, mudou-se para São Paulo, fundando a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental (SBTCC). No mesmo ano, inicia seu treinamento Budista na escola japonesa Soto Senshu em São Paulo, sob a direção do Mestre Tokuda, e conhece o Mestre Liu Pai Lin e seu filho, o Mestre Liu Chi Ming, com quem continuou seus estudos do I Ching – o livro das mutações, e do treinamento interior do Tai Chi Chuan.
Em 1980, adquire as terras que serão utilizadas para construir as instalações do Kagyü Dag Shang Chöling – Jardim do Dharma. Estas terras foram consagradas pelo Monge Tendai Dokan Yanashigawa em 1990, pelo Geshe Gelupa Lobsang Jamiang em 1990, pelo V. Lama Trinle Drubpa em 1993, por seu mestre Bokar Tulku Rinpoche em 1996 e por Mingyur Rinpoche em 2007.
Desde 1988, viajou constantemente para diversas partes do mundo para realizar seus estudos e retiros de meditação e aprofundamento no Budismo Tibetano. Também patrocinou a vinda ao Brasil de muitos mestres budistas e dos mestres detentores da linhagem da família Yang de Tai Chi Chuan. Escreveu diversos livros e publicações sobre o Budismo, o Tai Chi Chuan e o I Ching. É professor de I Ching no Brasil, América Latina e Europa, sendo procurado por diversas pessoas para fazer consultas ao I Ching.
Uma História de Perseverança
“Nasci na Argentina no meio de uma guerra civil e toda minha infância, a princípio, foi vivida no meio deste ambiente. Eu deixei a Argentina em 1978 e cheguei ao Brasil, onde tive duas impressões fantásticas. A primeira foi um civil discutindo na rua com um policial e isso, na minha vida, eu nunca tinha visto. Na minha terra, quando um civil era pego por um policial, nós tínhamos que olhar para baixo; vivíamos em estado de sítio, onde não havia garantia nenhuma de liberdade; muitas vezes fui abordado pelo serviço secreto com uma arma na cabeça. Então, a impressão que tive dessa cena foi: “uau, é aqui que eu quero ficar!”.
Quando aqueles fuscas com os canos de escapamentos explodiam, cada vez que ouvia, me jogava no chão ou me dava calafrio. Então eu pensei: “olha como eu estou!”. Na Argentina, eu ia trabalhar e não sabia se voltava vivo, porque explodiam bombas, os trens quebravam e sempre existia sabotagem; e quando chegava ao emprego, tinha manifestação e nós cheirávamos gás lacrimogênio. Naquela época eu fumava, não para tragar o cigarro, mas para sempre ter fumaça na cara e para que o gás não nos fizesse mal. Entre fumaça de cigarro e gás lacrimogênio, imagina que saudável era nossa vida.
A outra coisa que eu vi no Brasil foi o pessoal catando lixo e rindo, tirando sarro da situação. Eu falei: “este é o meu lugar”. Fui falar com um senhor idoso africano e lhe disse: “vamos falar claramente, olha o que você está fazendo, olha a sua situação e você está tirando sarro, rindo?”. Ele olhou para mim e falou: “meu filho, não tenho nada a perder, sou negro e pobre. Como não tenho nada a perder, deixa eu ser feliz”. Pensei: “isso é o máximo”.
Um outro ponto é que nos três primeiros anos aqui no Brasil, eu passei muita fome. Então, eu juntava latas para dar a um carroceiro, ele me pagava e eu podia comprar um pouquinho de arroz para comer. E eu ainda dava aula de Tai Chi Chuan e filosofia, era muito jovem, tinha 24 anos, e o pessoal me enrolava para não pagar. Então, estava sempre passando fome. Foi esta gente pobre da rua que me ajudou a sobreviver. Depois conheci minha esposa, Maria Angela Soci, e começamos a trabalhar e a lutar, sempre fazendo o que nós mais amamos, que é dar aula de Tai Chi Chuan e filosofia, meditação. Foi então que conheci os mestres japoneses e chineses. Na prática, já conhecia o Tai Chi Chuan e, o budismo, eu conheci na Argentina aos 6 anos de idade com minha professora do primário.
Em 1988 conheci o Budismo dos Himalaias através de um mestre tibetano e tive uma identificação com aquilo que eu procurava interiormente – me dediquei 100%. Sempre treinando Tai Chi Chuan também. E, isto o que vocês estão vendo aqui (sítio do Jardim do Dharma), foi construído por mim e pelos pedreiros; tive que aprender a construir, pouco a pouco desde 1984. Dava aula, o dinheiro que entrava eu comprava material, ficava aqui com o pessoal, fui aprender a ser eletricista, encanador, pedreiro, tive que fazer de tudo. Não houve tempo para adoecer e quando adoecia me curava com Tai Chi Chuan e medicina natural. Tive vários acidentes de quase morte e no hospital me deram remédio alopático, que me curou por um lado, mas me fez muito mal por outro. Mas, pelo Tai Chi Chuan e pela prática da meditação eu superei os traumas e recuperei a parte fisiológica.
Atualmente, esse espaço é um centro de Dharma, onde ensinamos Tai Chi Chuan com todos os seus aspectos de meditação, filosofia e ciência, e estamos levando o Tai Chi Chuan também para outros países da América Latina e Europa. Além disso, temos trabalhado junto com nossos alunos em vários hospitais e, através do meu trabalho, influenciei muitos líderes da polícia militar, civil e federal. Dei aula em seminários e meus livros são traduzidos em espanhol, inglês e italiano, influenciando muitas pessoas. E hoje estou melhor, feliz, em paz. Vejo que o “argentino filho de italianos, que tem nome de nordestino, louco, radical” – antigamente quando queriam me xingar diziam isso – já trouxe benefício para muitas pessoas.”
Patrocinou a vinda ao Brasil de Mestres Budistas como:
Ryotan Tokuda (Japão) – Soto Zen
Dokan Yanashigawa (Japão) – Tendai Shu
Seung Sahn (Coréia) – Zen Rinzai
Yukio Ponce (Japão) – Shingon Shu
Lobsang Jamiang (Tibete) – Mosteiro Sera Me
Trinle Drubpa (Tibete) – Dag Shang Kagyu
Bokar Tulku Rinpoche (Tibete) – Dag Shang Kagyu
Khenpo Jampa Donnyo (Tibete) – Dag Shang Kagyu
Lama Yonten (França) – Dag Shang Kagyu
Khenpo Osel Gyurme (Nepal) – Tradição Nyingma
M. V. Mingyur Rinpoche (Tibete) – Tradição Karma Kagyu
Lama Norbu Repa (França) – Tradição Karma Kagyu
Lama Ngawang Tsultrim (Bélgica) – Benchen Punsok Ling
Patrocinou a vinda ao Brasil dos Mestres de Tai Chi Chuan da Família Yang
Yang Zhenduo (China)
Yang Jun (China)
Desde 1999, organiza anualmente junto com sua esposa, a Profa. Maria Angela Soci, os Seminários Internacionais de Tai Chi Chuan no Brasil, com a presença do Grão Mestre Yang Zhenduo e o Mestre Yang Jun.
Monografias premiadas pela Sociedade de Cultura Japonesa
1981 – Bushido: “O código de honra do Samurai”
1982 – Haiku: “Poema Japonês”
Livros e artigos de sua autoria
1983 – Revista Planeta Especial de Artes Marciais – Editora Três
1984 – Revista Planeta Especial de Zen Budismo – Editora Três
1985 – Tai Chi Chuan para uma vida longa e saudável – Editora Ícone
1987 – O Espírito das Artes Marciais – Editora Ícone
1994 – O I Ching: uma abordagem psicológica e espiritual – Editora Ícone
2008 – DVD “chuva de Bênçãos”
2009 – I Ching, O Livro da Sabedoria – uma visão budista do livro das mutações (Ed. da SBTCC)
2009 – O Espírito das Artes Marciais – filosofia e mística (revisada e ampliada)
2009 – Primeiro Manual Tibetano – Português (Ed. da SBTCC)
2010 – O Coração da Bondade – As místicas cristã e budista sob um novo olhar (Ed. da SBTCC)
2011 – O Universo do Tai Chi Chuan (Ed. da SBTCC)
2011 – Manual de Budismo (Ed. da SBTCC)
Viagens de Estudo e Meditação
República Ocidental da China – 1988 – onde realizou seu primeiro retiro de meditação, com duração de 45 dias, no mosteiro da tradição Chan – Ten Tao Tao Yuan e estudo do Tai Chi Chuan tradicional.
Estados Unidos da América – 1990 – encontro com o Grão Mestre Yang Zendhuo, bisneto do criador do estilo Yang de Tai Chi Chuan, Yang Luchan.
Índia – 1988 e 1990 – esteve no Mosteiro de Sera Me em Maysore, no estado de Karnataka.
Índia – 1993, 1995, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2004, 2005 e 2006 – esteve em Bodhgaya e em Mosteiros de Salugara, Sonada e Mirik participando dos Seminários sobre o Mahamudra oferecidos pelo M. V. Bokar Tulku Rinpoche e cerimônias relacionadas à passagem do M. V. Bokar Tulku.
Espanha – 1998 e 2000 – esteve no centro de retiros Dag Shang Choling, na província de Huesca, para estudar com o Lama Drubgyu Tempa.
China – 2002, 2005, 2007 e 2012 – realizou peregrinações às montanhas Wutai Shan.
Em 1996, realizou durante um ano e meio, em regime fechado, o retiro Karma Kamsang sob a orientação do Ven. Lama Trinle Drubpa, durante o qual realizou o Ngondro. Nessa ocasião, aprendeu as pujas e treino das Sadhanas da Linhagem. Este acontecimento foi registrado pelos próprios Lama Trinle, Bokar Rinpoche e Khenpo Donnyo em visita realizada ao nosso Centro (Kagyu Dag Shang Choling – Jardim do Dharma), em 1996, por ocasião da consagração da Primeira Grande Stupa Dharmakaya da América Latina, construída em nosso Centro. Sua casa de retiro foi consagrada pelo Venerável Bokar Tulku Rinpoche, Khenpo Donnyo Rinpoche e outros Lamas presentes.
Desde 1995, na procura pelo entendimento claro e profundo dos ensinamentos sobre o Mahamudra, acompanhou seu Mestre, o M. V. Bokar T. Rinpoche, realizando várias vezes os retiros de Mahamudra níveis I, II e III. Recebeu das mãos do M. V. Bokar Rinpoche a iniciação e o treinamento da Sadhana de Milarepa, durante retiro fechado de 6 meses. Recebeu as instruções sobre o treino da Sadhana de Tara Verde também durante retiro fechado de 6 meses.
No ano de 2002, viaja ao Mosteiro de Bokar Tulku Rinpoche, na Índia, para receber o ciclo completo de iniciações Shangpa Kagyu oferecido por Bokar Tulku Rinpoche e todos seus lamas.
Em 2003 e 2004, recebe do Lama Yontem, em sua residência, ensinamentos sobre o treino do Drub Tab de Mahakala Chagdrugpa Yidam, que vem treinando desde 1993.
No ano de 2004, recebe das mãos do Mui Venerável Khenpo Lodro Donyod Rinpoche, no mosteiro em Mirik, o manto (Zen) de Naljorpa, assim como as relíquias do seu Guru Raiz Bokar Tulku (falecido no mesmo ano), que foram inseridas nas 8 stupas de 7 metros de altura construídas em 2005 em sua memória e consagradas em 2007.
Em 2005, viaja junto com sua esposa, Profa. Maria Angela Soci, a Questa, no Novo México – EUA, para realizar o seminário de Mahamudra níveis I e II junto ao M. V. Mingyur Rinpoche.
Em 2006 e 2007, recebe novamente, em São Paulo, os ensinamentos do seminário de Mahamudra níveis I e II junto ao M. V. Mingyur Rinpoche.
No Centro de Retiros do Jardim do Dharma, realiza junto com o Ven. Lopon Osel Gyurme, discípulo do M. V. Dilgo Kyentse Rinpoche, um retiro fechado de 30 dias de acumulação de mantras nas Cinco Divindades. O retiro foi concluído com o recebimento dos Votos do Bodhisattva, que também havia recebido de seu Mestre Bokar Tulku Rinpoche em 2002.
Em junho de 2007, participa das cerimônias de consagração das 8 Stupas do Jardim do Dharma, realizadas pelo M. V. Mingyur Rinpoche.
Em 4 de Agosto de 2008, foi recebido, junto com seus alunos, por S. S. XVII Karmapa Ogyen Trinle Dorje, em Dharamsala (Índia). Nesta ocasião, entrega a Sua Santidade, um álbum com fotos e DVDs contendo o histórico do Jardim do Dharma e a construção das 8 Stupas.
Depois, participa com seus alunos das cerimônias de saída do tradicional retiro de 3 anos do M. V. Yangsi Kalu Rinpoche. Após as cerimônias e de ter realizado suas entrevistas com Khenpo Donyo Rinpoche e Kalu Rinpoche, visita o Mosteiro de Dudjom Rinpoche em Kalingpon (Índia), onde recebe instruções sobre as cinco Divindades do Lopom Yamiang.
Em Agosto de 2009, por indicação de S. S. Karmapa, encontra-se, juntamente com sua esposa Maria Angela, com o M. V. Kyabje Tenga Rinpoche, momento em que recebe as iniciações de Dorje Phurpa e os ensinamentos sobre “A União do Mahamudra e do Dzogchen”, composto pelo Grão Mestre Karma Chagme.
Recebe, também, a iniciação das cinco Divindades (Demchok Lha nga) do Oitavo Karmapa Mikyö Dorje, assim como as instruções particulares sobre o desenvolvimento da meditação referente a esta iniciação. Neste momento, recebe a Ordenação Nagpa, na presença dos diretores do Centro Benchen Puntsog Ling, entre outros. A partir desse ano, Lama Zopa (como passa a ser reconhecido) viaja anualmente a Katmandhu (Nepal) para receber instruções diretas de Kyabje Tenga Rinpoche e S. S. Sangye Nyenpa Rinpoche.
Em Fevereiro de 2013, em Katmandhu (Nepal), recebe de S. S. Sangye Nyenpa Rinpoche o ciclo completo de iniciações intituladas “Kagyu Nag Dzod”, pertencentes à Escola Karma Kagyu.
No mês de outubro, na Espanha, recebe de S. S. Sangye Nyenpa Rinpoche o ciclo completo de iniciações intituladas “Chigshe Kundrul do IX Karmapa Wangchuk Dorje” (1556-1603).